Tecendo redes de conhecimento no Ciberespaço

O que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas.

Assman (2005, p.19)


Este blog é um espaço de compartilhamento de criações textuais diversas com o objetivo de criar uma rede de conhecimentos através das novas tecnologias e da inteiração em rede!

Bem Vindo...

Bem Vindo...

A sabedoria consiste na busca incessante do criar e recriar, onde os saberes são reinventados a cada instante em uma construção constante e ininterrupta!

Paula Oliveira

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Émile Durkhein...a educação é um processo social


            A teoria sociológica formulada por Émile Durkhein  foi fortemente influenciada pelos cientificismo do século XIX, vislumbrou em sua obra A existência de um “reino social”, as vezes chamado de “reino moral”. Através desse meio moral de acordo com Durkhein é que toda vida social se dá.     
            Colacava-se num estado de espírito dos demais cientistas, para detectar os estados coletivos. A sociedade, a vida coletiva, deve ter suas leis próprias, independentes da vontade humana, que precisam ser conhecidos. Na visão de Durkhein, cabe a sociologia descobrir as leis da vida social, assim com a física.
Os principais fenômenos sociais, como a religião, a moral, o direito, a economia ou a educação são na verdade sistemas de valores.
            Enuncia Durkhein que os fatos sociais são justamente aqueles modos de agir que exercem sobre o indivíduo uma coerção exterior e que apresentam uma existência própria, independente das manifestações individuais que possam ter. Os fatos sociais em suma devem ser considerados como coisas. Contudo Durkhein não afirmou que os fatos sociais são de fato coisas materiais, mas apenas que devem ser trataods como se fossem coisas tais como as coisas materiais. Tratar os fatos sociais como coisas, portanto é uma postura intelectual, uma atitude mental. Para Durkhein as representações dos fatos sociais podem ser pessoais, ou compartilhadas, é como se houvesse dois nós dentro de nós mesmos: um ser individual, em cuja cabeça existem estados mentais referentes apenas a nossa vida como indivíduos e ao mesmo tempo um ser social.
            A consciência coletiva existe através das consciências particulares. Cada um não é nada sem outra. Essa existência social, essa vida coletiva, obra de indivíduos que cooperam entre si em um dado momento da vida da sociedade, mas também das gerações passadas, os quais ajudaram a criar as crenças, os valores e as regras que ainda hoje estão presentes e que nos obrigam de certo modo a nos comportarmos de acordo com a “vontade da sociedade”.
            Aponta a solidariedade que se estabelece entre os indivíduos através de elevado grau de divisão do trabalho, que chama de solidariedade orgânica. As pessoas não estão juntas porque fazem juntas as mesmas coisas, mas o contrário: estão juntas porque fazem coisas diferentes, portanto para viver precisam das outras.
            Em relação à educação Durkhein atenta para se educar para a vida, que a liberdade individual remete a mais individualismo, então quanto mais o individualismo cresce, mais a consciência coletiva diminui. Paradoxalmente, sem consciência coletiva, sem uma moral coletiva, a sociedade não pode sobreviver. De acordo com essas implicações, a educação para Durkhein é o processo pelo qual aprendemos a ser membros da sociedade. Ele sentencia no seu livro Educação e Sociologia, “É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos”. É que no processo educacional, existe certos costumes, regras, que devem ser obrigatoriamente transmitidos, gostemos deles ou não.
            Acredita Durkhein que a cada momento histórico existe um tipo de educação a ser transmitida, em sintonia com a época vivenciada, que não torne-se obsoleta. Para ele a educação adequada é aquela própria ao meio moral que cada um compartilha. Os sistemas educacionais contemporâneos não são homogêneos, como em sociedades sem diferenciação. Embora numas sociedade dividida em classes, existem alguns valores comuns a todos, é fundamental que haja certa homogeneidade, e a educação deve pertubá-la e reforçá-la na alma da criança que é educada.
            Para Durkhein essa é a definição de educação: Educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social, tem por objeto suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto e pelo meio moral a que a criança, particularmente se destine.
            O que nos permite viver em sociedade é sabermos que somos iguais e diferentes ao mesmo tempo. E a educação pela qual passamos nos faz assim. É por isso que a educação é um processo social.

           

Pedagogo Multimeios

O Pedagogo Multimeios


            O papel do pedagogo multimeios compreende habilidades específicas e de grande relevância para uma equipe multidisciplinar, onde os profissionais envolividos denotam atribuições próprias, os quais são integrados visando a colaboração. O pedagogo multimeios é um profissional capaz de mobilizar habilidades didáticas, pedagógicas e tecnológicas.
            Vincula-se este pedagogo, com a gestão e os recursos tecnológicos existentes, a fim de aprofundar esses conhecimentos sobre como este profissional atua gerenciando as mídias.
            A formação do pedagogo multimeios e informática educativa perpassa pélas áreas de jornalismo, informática e na educação. Na escola esse educador age como mediador, contribuindo para que ocorra o ensino e o aprendizado de forma lúdica, tendo como apoio as mídias. Este pedagogo tem uma nova metodologia que permite fazer com que as tecnologias educacionais contribuam para a melhoria do ensino e da aprendizagem. No âmbito escolar as atribuições do pedagogo multimeios compreende entre outras:

*      Planejar em parceria com os professores, apoiando os recursos a serem utilizados para a melhor qualidade do ensino;
*      Certificar se os softwares e as mídias estão funcionando devidamente;
*      Navegar pelos softwares educativos antes de utilizá-los;
*      Atualizar-se frequentemente perante as inovações tecnológicas e com ênfase na educação;
*      Enfatizar para os professores que o laboratório de informática deve ser apenas a extensão e enriquecimento do que está sendo ensinado na sala de aula convencional.

           Além de mediador, ou seja, colaborador no processo de aprendizagem dos seus alunos, mostra-se que é apto para identificar e analisar os problemas na sua área de atuação, na escola, no sistema educacional e participar das comunidades em busca de alternativas para sanar os problemas.
            Os papéis do pedagogo multimeios com ênfase nas empresas abordados por Souza(2006), compreendem:

*      Auxiliar a seleção de informações úteis à empresa;
*      Atentar para a individualidade dos funcionários, observando seus contextos, realidades, ansiedades e expectativas, para harmonizá-la com a dos gestores;
*      Interagir com os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento estratégico da empresa, objetivando propor mecanismos de capacitação profissional, quando necessários;
*      Analisar as ferramentas apropriadas aos cursos de capacitação para que ocorra a motivação dos cursistas, entre outros.

Podemos concluir que o pedagogo multimeios serve como apoio e acompanhamento nos processos em que atua, de forma a colaborar com uma equipe diversificada de profissionais. Ao atentarmos para a diferença na sua forma de atuação em uma instituição educacional e em uma empresa consideramos o foco na investigação e aplicação do trabalho para a abordagem que visa instaurar. Onde as semelhanças são notáveis podendo destacar essa sua capacidade de mobilizar habilidades didáticas, pedagógicas e tecnológicas no emprego de suas atividades, contribuindo de forma elementar em todo o processo que necessite de sua atuação.





       



Aprendizagem Colaborativa

“ Estar à altura de explorar e aproveitar do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de atualizar, aproveitar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de adaptar a um mundo de mudança”
(Delors et al, 1998, p.89)

A aprendizagem Colaborativa surge da necessidade de inserir metodologias interativas na educação, abrange um ensino com pesquisa, abordagem progressiva, visão holística, são trocas ativas de idéias. Favorecendo que alunos de diversos níveis de performance trabalhem juntos em pequenos grupos tendo uma única meta, que proporciona a interatividade.
O acesso ao conhecimento é facilitado através das Tecnologias da Informação e das comunicações, o que acaba alterando as relações do ser humano em diversas áreas do conhecimento, conduzindo com igualdade as possibilidades de acesso ao conhecimento, ajudando na construção de uma aprendizagem colaborativa entre todos.
De acordo com Delors e colaboradores, ao elaborar para a UNESCO o relatório da comissão Internacional sobre educação para o século XXI, foi exposto um capítulo sobre os quatro pilares da educação, considerado pelos autores, fundamentais, organizados da seguinte forma: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
O que percebemos é que na EAD esses pilares estão sendo difundidos. A aprendizagem colaborativa em conjunto com a educação a distância proporciona ampla disponibilidade de armazenamento e circulação de informações no novo século e favorece o papel da educação diante deste contexto de abundante potencialidade cognitiva. O estudo das aquisições ou mesmo da aprendizagem em si, através da EAD implica em uma eminente necessidade hoje, para que possamos construir com mais autonomia e democraticamente a difusão e expansão da Aprendizagem Colaborativa concomitante com a EAD.

Avaliar na Cibercultura

Avaliação e tecnologia na Cibercultura, valores agregados para
uma nova perspectiva educacional.

Ana Paula de Andrade Oliveira


Resumo

O trabalho apresentado conduz a questionamentos e propõe uma discussão sobre um dos mais polêmicos elementos da Educação a Distância, a avaliação da aprendizagem dos aprendentes. Propõe uma visão otimizada dos processos desenvolvidos, apontam ainda aspectos significativos da avaliação na aprendizagem, o sucesso nesse processo, o que a EAD há de percorrer, o desafio de fazer a avaliação útil. Comunica ainda, sobre as mais freqüentes dificuldades da avaliação na Cibercultura. Conclui com algumas reflexões para desencadeamento de um compromisso cabal com a avaliação, que é colaboradora da qualidade na educação tanto presencial quanto a distância.


Introdução


A Educação a Distância (EAD) é o que existe de mais representativo no que podemos chamar de “mudança” (ou inovação) em Educação. Concordamos com Lèvy:

A mudança sempre foi um dado fundamental da vida humana. Vivemos em uma época na qual essa mudança se acelera constantemente, o que significa mais riscos e inseguranças, mas também mais possibilidades e possibilidades. (2001, p.29)

A mudança no processo avaliativo tende a ser o mais rápida possível. A forma paradigmática dos cursos presenciais, onde o professor atua como um bom transmissor de conteúdos está gradativamente sendo substituído por softwares interativos, com maior capacidade de memória. Atua como gerenciadores de inteligências coletivas dos grupos confiados aos docentes, que é uma prática atuante na EAD. Nesse caminho a percorrer, avaliar não será apenas medir resultados, mas monitorar e acompanhar processos.
Para que mudanças significativas ocorram nos mais amplos campos da educação, é preciso uma “conversa epistemológica”, uma transformação na visão de mundo dos que realizam o trabalho educativo, além de recursos financeiros para preparar os novos ambientes e os novos professores.
Na cibercultura contamos com inusitadas equipes de trabalho: Webdesigners, videomakers, técnicos de informática e comunicadores que passam a participar do fazer pedagógico. Os professores por sua vez precisam saber dialogar para fazerem bom uso dos recursos, tanto no AVA quanto na produção dos materiais didáticos. Um obstáculo é o professor despojar-se da postura de “Detentor do Conhecimento” e aceitar que ele é responsável pelo sucesso ou fracasso dos seus alunos.
Na cibercultura o cidadão pleno precisa saber aprender continuamente, selecionando e utilizando a informação de maneira criativa, para gerar novos conhecimentos, precisa desenvolver a capacidade de se trabalhar em equipe, ter criatividade e versatilidade. Ao desenvolver a aprendizagem no ciberespaço percebe-se que essa pessoa se destaca na perscrutação de novos valores, competências e habilidades que podem ser cognitivas, sociais, afetivas, estéticas, políticas.
Essa nova cultura promove relativizar o papel da memória, abolindo o pensamento linear, substituindo a página seqüencial pelo hipertexto, animando uma transgressão das fronteiras curriculares a partir das conexões entre os saberes.
A matéria-prima na cibercultura sendo a informação, a avaliação é o processo norteador de toda a estrutura desenvolvida no processo de aprendizagem, onde é mister afirmar que é conduzida de forma pessoal, orientada, dinâmica e dialógica, promovendo a construção de processos auto-avaliativos, de modo a conduzir a uma volta, para aprender mais e melhor refazendo ou avançar para constituir novas perspectivas e novos saberes oriundos das pesquisas e busca incessante da aquisição de conhecimentos, aumentando a capacidade de produção na aprendizagem.


1. Aspectos significativos da avaliação


Conceber formas de avaliação pressupõe uma reflexão prévia sobre as diversas formas de compreender a educação, conforme Luckesi (1996, p.28), não há como compreender e praticar a avaliação da aprendizagem escolar em um “vazio conceitual, mas sim dimensionada por um modelo teórico do mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica”.
Portanto ao analisar por esse sentido, a avaliação enquanto área do conhecimento da educação sofre as influências dos diferentes contextos pedagógicos, sociais, políticos, econômicos e culturais.
Muitas contribuições, conceitos e valores para a avaliação na aprendizagem surgiram destacando a partir dos anos 90 as abordagens emancipatória, sociológica, mediadora e diagnóstica da avaliação da aprendizagem escolar (Alvarenga, 1999).
Muitos modelos de avaliação foram se formando, o importante é ter em vista que, vincular a melhor opção para esse processo é necessário, levando em consideração o agir educativo e o fazer pedagógico, do qual faz parte a avaliação, deve estar mais vinculada à manutenção ou transformação social, estando comprometido politicamente com os pressupostos de tais ações. É relevante atentarmos para essas questões, considerando que:

A avaliação da aprendizagem é um tipo de investigação e é, também, um processo de conscientização sobre a “cultura primeira” do educando, com suas potencialidades, seus limites, seus traços e seus ritmos específicos. Ao mesmo tempo, ela propicia ao educador a revisão de seus procedimentos e até mesmo o questionamento de sua própria maneira de analisar a ciência e encarar o mundo. Ocorre, neste caso, um procedimento de mútua educação (Romão, 1998).

A avaliação, por conseguinte caminha em um processo de mudança onde as práticas escolares paradigmáticas e ortodoxas não resistirão e conseqüentemente não poderão continuar, assim como estão na cibercultura onde envolve um “conjunto de técnicas materiais e intelectuais de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (Lèvy, 1997). De acordo com esse conceito de Lèvy, é imprescindível considerar que essas novas práticas concomitantes com as novas formas de ler, escrever e lidar com o conhecimento transportam a uma nova formação cognitiva.
Consideravelmente, em uma nova realidade e eminente mudança na eventual estrutura da educação, a questão da avaliação surge como pauta a ser discutida. Avaliar é o desenvolvimento de práticas que visam sugerir o nível de conteúdo assimilado por um aluno. Muitas são as formas para se avaliar, desde prova escrita, oral, seminários, trabalhos de pesquisa, entre outros. Esses métodos são adotados pela maioria das instituições de ensino presenciais, sem falar que a prova escrita é o método mais adotado, inclusive para concursos públicos e vestibulares. Questionar a eficiência desses métodos avaliativos chega a ser temerário, uma vez que, a complexidade de analisar o nível de conhecimento em determinada área do conhecimento, ultrapassa aquilo que o professor pode considerar pertinente, conduzir a avaliação de forma eficiente ainda faz-se necessário.
Avaliar na EAD é um processo gradual e sistemático, o convite irrefutável à conquista da autonomia na aprendizagem, conduz a uma construção intrínseca de auto-avaliação, o que é deveras significante.
O uso das tecnologias no ciberespaço como mediatizadoras favorecem e facilitam o processo de aprendizagem e inerente a esse, está o processo de avaliação como motivador da aprendizagem. Para que um trabalho inovador na EAD seja eficiente e obtenha sucesso o uso coerente do processo de avaliação deve ser observado, não é condizente inovar, regredindo. De acordo com Masseto (2003) é necessário nos atermos a alguns pontos básicos:
• Repensar o processo de avaliação integrando ao processo de aprendizagem, fazendo com que sirva de motivador da aprendizagem, e não como um recurso para apontar especificamente os erros, e conseqüentemente o que não foi assimilado;
• Transformar o modo de pensar a avaliação tanto para professores como para alunos, onde esses relacionam o processo como meio de se obter ou se dar uma nota para aprovar, o que não necessariamente condiz com a aprendizagem adquirida;
• A avaliação deve ser vista como um processo de feedback ou de retroalimentação que possa conduzir o aprendente a obter as informações necessárias, relevantes e no momento que precisa para que haja melhorias no desenvolvimento da sua aprendizagem;
• Há embutido um processo de avaliação pelos docentes em algum tipo de informação, retroinformação ou a própria informação contínua de como o aprendiz está progredindo ou não em direção aos objetivos propostos. Ao analisar as atividades e que imediatamente informa se estão corretas ou não, buscando incentivar o aluno a avançar ou refazer. Sendo, portanto mais que um julgamento e sim um estímulo ao aprendizado;
• O diálogo deve permitir uma troca objetiva, já que só dispo-se de possibilidades do registro escrito, portanto o cuidado com a redação faz-se estritamente necessário;
• A clareza do feedback é que vai orientar discursivamente a mediatização na aprendizagem que deve ser por meio de perguntas, por vezes por uma breve indicação ou sugestão;
• O registro de todos os aprendizes deve ser desenvolvido de forma pessoal e sintética, mas que possibilite um diálogo e um acompanhamento sobre o processo de aprendizagem como um todo;
• A abertura de um processo de avaliação, compartilhado com os alunos, a respeito do curso, das atividades, dos objetivos pretendidos, desempenho do professor, de suas ações, de seus comportamentos, de suas intervenções, entre outros.
• A permissão através das atividades do desenvolvimento da sua auto-avaliação, tanto aos alunos quanto aos professores e registro com ponto crucial de se constituir na melhor informação e motivação, porque cada um conhece a si próprio e sabe onde mexer para corrigir ou avançar.


2. O desafio de fazer a avaliação ser utilitária

Para se fazer uma educação de qualidade, a avaliação é ponto determinante para que se perceba o quanto foi produtivo todo o processo educacional, seja na modalidade à distância ou presencial. Essa avaliação tende a estar relacionada inclusive, não apenas ao rendimento, mas também os materiais e projetos educacionais.
Contudo é sempre um pesadelo o pensar sobre avaliar, e avaliar como, onde avaliar também é balancear, aprender com acertos e erros. A avaliação sempre foi vista como julgamento, com sentido autoritário, para que possa ganhar um sentido útil, a avaliação deve estar alicerçada em objetivos claros, critérios básicos e específicos, procedimentos adequados e deve também ser avaliada.
O sentido utilitário à sua aplicação é necessário, uma vez que, muitas avaliações não mostram utilidade, podem até apresentar algum resultado, porém não influenciam na melhoria do processo.


3. Dificuldades na avaliação da Cibercultura


A EAD ainda há muito que percorrer, existe um grande trajeto de superação de dificuldades que a avaliação da aprendizagem à distância precisa trilhar. De acordo com Gibbs (1995) algumas dessas dificuldades são apresentadas resumidamente:
• Altos graus atribuídos os quais originam médias e patamares qualificacionais altos.
• Dificuldades em estabelecer comparações de finalidade classificativa, entre os resultados individuais obtidos nas avaliações.
• Tempo adicional requerido para propor, negociar com os alunos, aplicar e avaliar as atividades.
• Dificuldades na aprovação de autoria e com as questões relativas ao “plágio” nas atividades avaliativas.
• Conflitos e questionamentos provocados entre os alunos, pelo fato dos métodos e processos de avaliação ser transparentes e abertos à crítica.
• Dificuldades de aceitação, pelos alunos, de estratégias de avaliação menos comuns, como o trabalho de grupo, a avaliação interpares e o “portfólio”.
Essas dificuldades, porém não se restringem às mencionadas, de acordo com estudos recentes e a própria experiência com esta modalidade de ensino podemos acrescentar a falta do contato presencial com o aluno, o que dificulta por parte dos professores a uma utilização de uma das estratégias fundamentais da avaliação na aprendizagem, a observação. Também a ausência de diagnóstico inicial do grupo, o qual é norteador do trabalho a ser desenvolvido, devendo ser o primeiro passo da avaliação, entre outros.


Considerações finais


O direcionamento das propostas na Cibercultura denota algumas questões a serem pensadas e repensadas. O que é conceptivo afirmar é que este processo tende a tornar-se cada vez mais sólido e complacente com as realidades, nas mais variadas maneiras de se aprender, conduzindo a uma aplicabilidade condizente de seus recursos. As mudanças ainda são comedidas, devido a paradigmas que ainda estão presentes na forma com a qual a avaliação está alicerçada.
Muitos são os desafios e o percurso está apenas no início, contudo o que não pode e nem deve ser hostilizada é que a construção dos saberes que integram a formação da autonomia dos aprendentes em relação aos seus conhecimentos, e o desenvolvimento cognitivo resultante de sua aprendizagem no AVA é inerente ao processo avaliativo crítico, onde a auto-avaliação apresenta-se constantemente de forma intrínseca e condescendente.
Portanto avaliar na Cibercultura é um processo em constante desenvolvimento e opulência nas suas abrangências, é versátil e pode tornar-se a mais valorosa forma de avaliar em um ambiente de aprendizagem.

“A avaliação na cibercultura abre espaço e agrega vários aspectos ‘sonhados’ por professores/educadores/avaliadores: o acompanhamento personalizado, a comparação do aluno com ele mesmo, a proposição de estratégias de aprendizagem, a construção do conhecimento,...

Agora só faltam as instituições e os órgãos responsáveis pela educação se abrirem (ou simplesmente deixarem espaço) para que esse trabalho possa ser feito.”


Referências


Trilhas do aprendente, p.58-60;
Novas tecnologias e mediação pedagógica / José Manuel Moran, Marcos T. Masetto, Maria Aparecida Behrens. – Campinas, SP, Papirus, 2000 – (Coleção Papirus Educação);
WWW.escoladavida.eng.br/.../escola%20da%20cibercultura%20e%20a%20avali...-
WWW.revistaconecta.com/.../ramal avaliar.htm
WWW.Instrucionaldesign.com.br/artigos/Avaliar_na_Cibercultura.pdf
WWW.concepcionistas.com.br/revista_nova/revista2/20.pdf
WWW.hermes.ucs.br/cchc/dele/esp/.../leiturasead.htm
WWW.novaescola.abril.com.br
WWW.hermes.usc.br/cchttp://www.idprojetoseducacionais.com.br/doc/avaliar na cibercultura.pdf
WWW.idprojetoseducacionais.com.br/doc/avaliar_na_cibercultura.pdf
WWW.hc/dele/esp/mypage/apresentacoes/leiturasead.htm

sábado, 3 de abril de 2010

Analfabetismo Funcional



Devemos como professores tomar algumas medidas de incentivo à leitura. No entanto isso envolve muitos outros fatores que acabam sendo postergados, como o fator social geral, a vida familiar, o próprio método de ensino desenvolvido nas escolas pelos professores que em sua maioria repassam aos seus alunos apenas da forma como aprenderam, e sabemos que foi uma educação bancária, aquela em que o professor é detentor do conhecimento e o aluno está ali para absorver daquilo que o professor passa, o máximo de informações possíveis para então, também deter determinados saberes.
Não é uma tarefa fácil resolver essa situação, o analfabetismo funcional pode ser percebido em pessoas com apenas quatro anos de estudo, contudo percebemos que isso não parece ser definitivo ou determinante, visto que, um número notável de estudantes que chegam ao ensino superior sem compreender as leituras realizadas, sentem dificuldades na construção e interpretação de variadas tipologias textuais...O que fazer? Em suma faz-se necessário a apreensão de hábitos de leitura regulares na escola e fora dela, com incentivo à prática da construção dos mais variados tipos e gêneros textuais desde a infância, motivados pelo exemplo em casa, pois pais leitores formam filhos leitores, portanto essa é uma situação para ser resolvida num âmbito além das paredes das escolas, em conjunto com a própria sociedade que inclusive também não favorece essa construção. Muito vemos de competições entre as escolas, com incentivo à premiações, especialmente nos jogos escolares, se fossem realizadas olimpíadas de construção de textos, redações, dados um determinado tema com os mesmos incentivos que dão aos times de futebol ou vôlei, esses alunos certamente buscariam mais e provavelmente irão ser sanados os problemas concernentes ao analfabetismo funcional, que não prejudica apenas quem sofre dele, mas toda a sociedade acaba perdendo!

Epitáfio x Instantes


           
Jorge Luís Borges

INSTANTES

Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo.



Epitáfio (Titãs)
Composição: Sérgio Britto
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Intertextualidade


            A ânsia de voltar no tempo, de refazer a vida e a história vivenciada denota com veemência a indignação por tudo aquilo que devia ter sido feito e não fez, da pessoa que foi e que não gostaria de ter sido, da vida que viveu e já não pode mais vivenciar.
            O desejo de ter amado mais, chorado, arriscado e até errado mais, estão presentes nos dois textos “Epitáfio” e “Instantes”. A aspiração de querer uma nova oportunidade, remete ao anseio de vivenciar momentos meramente insignificantes na vida e que explicitamente passam despercebidos como o nascer e o pôr do sol, a beleza dos entardeceres, a subida nas montanhas, a natação nos rios.
            Impera a labuta, a extrema seriedade nos acontecimentos, uma vida sem riscos, sem erros, sem liberdade, em detrimento dos momentos simples, todavia insignes que devem ser vivenciados, porque a vida é feita de momentos e saber aproveitá-los é uma arte e  é sempre a melhor escolha.
            Ficar consternado com problemas pequenos e imaginários, relutando por uma vida menos sensata e complicada está presente, mesmo considerando os momentos alegres. Estar condicionado a postergar uma vida sem maiores riscos e desafios, incluindo a austeridade de viver uma conjuntura daninha, sem discernir que desarraigar da vida tudo o que não edifica e traz regozijo pode ser o melhor a fazer.
            Contudo não é fácil aperceber-se disso com tanta eficiência, geralmente algo ocorre para que o sentimento de arrependimento surja, seja pela idade avançada ou qualquer outro motivo que leve a uma reflexão profunda e minuciosa de tudo o que se viveu e não pode mais ser mudado.