TEOGONIA DE HESÍODO: A ORIGEM DOS DEUSES
GRÉCIA
SÉCULO 8 a.C.
Nas
campinas da região da Beócia, Hesíodo pastoreava seu rebanho, quando, de
repente, ouviu um canto sublime. Vozes suaves, que pareciam sair do nada, o
chamavam pelo nome e lhe diziam que por ordem de Zeus, vieram para torná-lo
poeta. Eram as Musas, filhas de Zeus, o supremo do Olimpo, que o chamavam. Elas
lhe ensinaram a poesia que revelaria aos homens o conhecimento da origem dos
deuses.
Hesíodo ouve das Musas a narrativa sagrada
da origem dos deuses, e é orientado por elas, a relatar em versos, como Zeus,
viera a ser o pai dos deuses e dos homens
e como distribuíra os poderes entre os deuses e os homens, definido, assim, a
ordem (kósmo) do mundo, a harmonia universal.
Conforme o que lhe foi revelado, Hesíodo
escreveu o poema Teogonia (1022
versos), onde narra que, no princípio, havia apenas quatro seres divinos Caos,
Gaia (Terra) de amplos seios, Tártaro (abismo) e Eros, o mais belo entre os
deuses imortais, presente em todas as gerações, pois ele é Amor, fundamento de
todas as uniões.
Caos gerou Êrebo (treva) e Noite. Noite,
por sua vez, pariu terrível prole: Morte, Sono, as três Sortes, Éter e Dia.
Gaia (Terra) gerou um ser capaz de cobri-la
inteiramente: Urano (céu). E também pôs no mundo as Montanhas (morada das
Ninfas) e o Mar. Unida a Urano, Gaia deu origem aos deuses Titãs, sendo o mais
jovem deles Cronos, que nutriu intenso ódio por seu pai. Gerou também os violentos
Ciclopes, Trovão, Relâmpago, Arges e os hecatonquiros Briareu, Cotos e Giges –
criaturas enormes, das quais saiam cem braços sem forma, assim como cinqüenta
cabeças presas sobre o ombro.
Para finalizar a ordenação da Terra, há
três mitos. Em primeiro lugar o de Cronos. Um dia quando seu pai Urano veio se
estender sobre Gaia, Cronos saiu de seu esconderijo, e com uma foice de dentes
agudos castra o pai e lança ao mar o membro cortado que ejacula uma última vez.
Da espuma nasce Afrodite, a deusa da beleza e do amor. Urano deixa a Cronos uma
maldição: que ele teria um filho que o destruiria.
Cronos liberta os titãs presos pelo pai e
os domina tornando-se detentor máximo do poder. Une-se a Réia, sua irmã, mas os
filhos gerados por ela, devido à maldição de Urano, são engolidos por Cronos.
Quando Réia estava grávida de seu sexto filho, pede a sua mãe (Terra), que lhe
ajude a salvá-lo. Quando este nasce, Terra o esconde e envolve uma grande pedra
com os panos do recém-nascido, e entrega a Cronos que sem suspeitar do ardil
devora a pedra. Fica, assim, seu filho Zeus, protegido e seguro.
O Segundo mito é o de Zeus, filho de Cronos
e Réia, salvo pela astúcia de sua avó Terra. Conforme a maldição de Urano Zeus
enfrenta o pai e o obriga a regurgitar a pedra e os irmãos que engolira. A
pedra é cravada em Delfos ao pé do monte Parnaso. Comandando os irmãos
(Héstisa, Deméter, Hera, Hades e Posídon) e os tios Ciclopes, Zeus luta contra
Cronos e seus aliados Titãs. Vence o pai na luta contra os Titãs, e o acorrenta
no Tártaro. Distribui as honras da vitória entre seus aliados e distingue
deuses imortais de homens mortais (mito de Prometeu). Assim, Zeus estabelece a
ordenação do mundo segundo a sua vontade.
NO terceiro mito, o supremo do Olimpo
consolida seu poder ao abater Tifeu. Zeus possuiu Gaia (Terra), que gerou
Tifeu, abominável divindade de cem cabeças de serpente. Da boca e dos olhos
expelia fogo e tal era sua força que teria reinado sobre os imortais e mortais,
não fosse Zeus combatê-lo em um duelo horrendo, onde o abate e lança-o no
Tártaro.
Assim, confirma Zeus seu poder supremo e
passa a reinar absoluto no Olimpo unindo-se a deusas imortais e mulheres
mortais que geram os deuses do Olimpo.
A
Teagonia, que os estudiosos afirmam ser o primeiro poema escrito do Ocidente,
termina com a origem dos deuses Olimpo e de suas decadências.
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