Tecendo redes de conhecimento no Ciberespaço

O que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas.

Assman (2005, p.19)


Este blog é um espaço de compartilhamento de criações textuais diversas com o objetivo de criar uma rede de conhecimentos através das novas tecnologias e da inteiração em rede!

Bem Vindo...

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A sabedoria consiste na busca incessante do criar e recriar, onde os saberes são reinventados a cada instante em uma construção constante e ininterrupta!

Paula Oliveira

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Avaliar na Cibercultura

Avaliação e tecnologia na Cibercultura, valores agregados para
uma nova perspectiva educacional.

Ana Paula de Andrade Oliveira


Resumo

O trabalho apresentado conduz a questionamentos e propõe uma discussão sobre um dos mais polêmicos elementos da Educação a Distância, a avaliação da aprendizagem dos aprendentes. Propõe uma visão otimizada dos processos desenvolvidos, apontam ainda aspectos significativos da avaliação na aprendizagem, o sucesso nesse processo, o que a EAD há de percorrer, o desafio de fazer a avaliação útil. Comunica ainda, sobre as mais freqüentes dificuldades da avaliação na Cibercultura. Conclui com algumas reflexões para desencadeamento de um compromisso cabal com a avaliação, que é colaboradora da qualidade na educação tanto presencial quanto a distância.


Introdução


A Educação a Distância (EAD) é o que existe de mais representativo no que podemos chamar de “mudança” (ou inovação) em Educação. Concordamos com Lèvy:

A mudança sempre foi um dado fundamental da vida humana. Vivemos em uma época na qual essa mudança se acelera constantemente, o que significa mais riscos e inseguranças, mas também mais possibilidades e possibilidades. (2001, p.29)

A mudança no processo avaliativo tende a ser o mais rápida possível. A forma paradigmática dos cursos presenciais, onde o professor atua como um bom transmissor de conteúdos está gradativamente sendo substituído por softwares interativos, com maior capacidade de memória. Atua como gerenciadores de inteligências coletivas dos grupos confiados aos docentes, que é uma prática atuante na EAD. Nesse caminho a percorrer, avaliar não será apenas medir resultados, mas monitorar e acompanhar processos.
Para que mudanças significativas ocorram nos mais amplos campos da educação, é preciso uma “conversa epistemológica”, uma transformação na visão de mundo dos que realizam o trabalho educativo, além de recursos financeiros para preparar os novos ambientes e os novos professores.
Na cibercultura contamos com inusitadas equipes de trabalho: Webdesigners, videomakers, técnicos de informática e comunicadores que passam a participar do fazer pedagógico. Os professores por sua vez precisam saber dialogar para fazerem bom uso dos recursos, tanto no AVA quanto na produção dos materiais didáticos. Um obstáculo é o professor despojar-se da postura de “Detentor do Conhecimento” e aceitar que ele é responsável pelo sucesso ou fracasso dos seus alunos.
Na cibercultura o cidadão pleno precisa saber aprender continuamente, selecionando e utilizando a informação de maneira criativa, para gerar novos conhecimentos, precisa desenvolver a capacidade de se trabalhar em equipe, ter criatividade e versatilidade. Ao desenvolver a aprendizagem no ciberespaço percebe-se que essa pessoa se destaca na perscrutação de novos valores, competências e habilidades que podem ser cognitivas, sociais, afetivas, estéticas, políticas.
Essa nova cultura promove relativizar o papel da memória, abolindo o pensamento linear, substituindo a página seqüencial pelo hipertexto, animando uma transgressão das fronteiras curriculares a partir das conexões entre os saberes.
A matéria-prima na cibercultura sendo a informação, a avaliação é o processo norteador de toda a estrutura desenvolvida no processo de aprendizagem, onde é mister afirmar que é conduzida de forma pessoal, orientada, dinâmica e dialógica, promovendo a construção de processos auto-avaliativos, de modo a conduzir a uma volta, para aprender mais e melhor refazendo ou avançar para constituir novas perspectivas e novos saberes oriundos das pesquisas e busca incessante da aquisição de conhecimentos, aumentando a capacidade de produção na aprendizagem.


1. Aspectos significativos da avaliação


Conceber formas de avaliação pressupõe uma reflexão prévia sobre as diversas formas de compreender a educação, conforme Luckesi (1996, p.28), não há como compreender e praticar a avaliação da aprendizagem escolar em um “vazio conceitual, mas sim dimensionada por um modelo teórico do mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica”.
Portanto ao analisar por esse sentido, a avaliação enquanto área do conhecimento da educação sofre as influências dos diferentes contextos pedagógicos, sociais, políticos, econômicos e culturais.
Muitas contribuições, conceitos e valores para a avaliação na aprendizagem surgiram destacando a partir dos anos 90 as abordagens emancipatória, sociológica, mediadora e diagnóstica da avaliação da aprendizagem escolar (Alvarenga, 1999).
Muitos modelos de avaliação foram se formando, o importante é ter em vista que, vincular a melhor opção para esse processo é necessário, levando em consideração o agir educativo e o fazer pedagógico, do qual faz parte a avaliação, deve estar mais vinculada à manutenção ou transformação social, estando comprometido politicamente com os pressupostos de tais ações. É relevante atentarmos para essas questões, considerando que:

A avaliação da aprendizagem é um tipo de investigação e é, também, um processo de conscientização sobre a “cultura primeira” do educando, com suas potencialidades, seus limites, seus traços e seus ritmos específicos. Ao mesmo tempo, ela propicia ao educador a revisão de seus procedimentos e até mesmo o questionamento de sua própria maneira de analisar a ciência e encarar o mundo. Ocorre, neste caso, um procedimento de mútua educação (Romão, 1998).

A avaliação, por conseguinte caminha em um processo de mudança onde as práticas escolares paradigmáticas e ortodoxas não resistirão e conseqüentemente não poderão continuar, assim como estão na cibercultura onde envolve um “conjunto de técnicas materiais e intelectuais de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (Lèvy, 1997). De acordo com esse conceito de Lèvy, é imprescindível considerar que essas novas práticas concomitantes com as novas formas de ler, escrever e lidar com o conhecimento transportam a uma nova formação cognitiva.
Consideravelmente, em uma nova realidade e eminente mudança na eventual estrutura da educação, a questão da avaliação surge como pauta a ser discutida. Avaliar é o desenvolvimento de práticas que visam sugerir o nível de conteúdo assimilado por um aluno. Muitas são as formas para se avaliar, desde prova escrita, oral, seminários, trabalhos de pesquisa, entre outros. Esses métodos são adotados pela maioria das instituições de ensino presenciais, sem falar que a prova escrita é o método mais adotado, inclusive para concursos públicos e vestibulares. Questionar a eficiência desses métodos avaliativos chega a ser temerário, uma vez que, a complexidade de analisar o nível de conhecimento em determinada área do conhecimento, ultrapassa aquilo que o professor pode considerar pertinente, conduzir a avaliação de forma eficiente ainda faz-se necessário.
Avaliar na EAD é um processo gradual e sistemático, o convite irrefutável à conquista da autonomia na aprendizagem, conduz a uma construção intrínseca de auto-avaliação, o que é deveras significante.
O uso das tecnologias no ciberespaço como mediatizadoras favorecem e facilitam o processo de aprendizagem e inerente a esse, está o processo de avaliação como motivador da aprendizagem. Para que um trabalho inovador na EAD seja eficiente e obtenha sucesso o uso coerente do processo de avaliação deve ser observado, não é condizente inovar, regredindo. De acordo com Masseto (2003) é necessário nos atermos a alguns pontos básicos:
• Repensar o processo de avaliação integrando ao processo de aprendizagem, fazendo com que sirva de motivador da aprendizagem, e não como um recurso para apontar especificamente os erros, e conseqüentemente o que não foi assimilado;
• Transformar o modo de pensar a avaliação tanto para professores como para alunos, onde esses relacionam o processo como meio de se obter ou se dar uma nota para aprovar, o que não necessariamente condiz com a aprendizagem adquirida;
• A avaliação deve ser vista como um processo de feedback ou de retroalimentação que possa conduzir o aprendente a obter as informações necessárias, relevantes e no momento que precisa para que haja melhorias no desenvolvimento da sua aprendizagem;
• Há embutido um processo de avaliação pelos docentes em algum tipo de informação, retroinformação ou a própria informação contínua de como o aprendiz está progredindo ou não em direção aos objetivos propostos. Ao analisar as atividades e que imediatamente informa se estão corretas ou não, buscando incentivar o aluno a avançar ou refazer. Sendo, portanto mais que um julgamento e sim um estímulo ao aprendizado;
• O diálogo deve permitir uma troca objetiva, já que só dispo-se de possibilidades do registro escrito, portanto o cuidado com a redação faz-se estritamente necessário;
• A clareza do feedback é que vai orientar discursivamente a mediatização na aprendizagem que deve ser por meio de perguntas, por vezes por uma breve indicação ou sugestão;
• O registro de todos os aprendizes deve ser desenvolvido de forma pessoal e sintética, mas que possibilite um diálogo e um acompanhamento sobre o processo de aprendizagem como um todo;
• A abertura de um processo de avaliação, compartilhado com os alunos, a respeito do curso, das atividades, dos objetivos pretendidos, desempenho do professor, de suas ações, de seus comportamentos, de suas intervenções, entre outros.
• A permissão através das atividades do desenvolvimento da sua auto-avaliação, tanto aos alunos quanto aos professores e registro com ponto crucial de se constituir na melhor informação e motivação, porque cada um conhece a si próprio e sabe onde mexer para corrigir ou avançar.


2. O desafio de fazer a avaliação ser utilitária

Para se fazer uma educação de qualidade, a avaliação é ponto determinante para que se perceba o quanto foi produtivo todo o processo educacional, seja na modalidade à distância ou presencial. Essa avaliação tende a estar relacionada inclusive, não apenas ao rendimento, mas também os materiais e projetos educacionais.
Contudo é sempre um pesadelo o pensar sobre avaliar, e avaliar como, onde avaliar também é balancear, aprender com acertos e erros. A avaliação sempre foi vista como julgamento, com sentido autoritário, para que possa ganhar um sentido útil, a avaliação deve estar alicerçada em objetivos claros, critérios básicos e específicos, procedimentos adequados e deve também ser avaliada.
O sentido utilitário à sua aplicação é necessário, uma vez que, muitas avaliações não mostram utilidade, podem até apresentar algum resultado, porém não influenciam na melhoria do processo.


3. Dificuldades na avaliação da Cibercultura


A EAD ainda há muito que percorrer, existe um grande trajeto de superação de dificuldades que a avaliação da aprendizagem à distância precisa trilhar. De acordo com Gibbs (1995) algumas dessas dificuldades são apresentadas resumidamente:
• Altos graus atribuídos os quais originam médias e patamares qualificacionais altos.
• Dificuldades em estabelecer comparações de finalidade classificativa, entre os resultados individuais obtidos nas avaliações.
• Tempo adicional requerido para propor, negociar com os alunos, aplicar e avaliar as atividades.
• Dificuldades na aprovação de autoria e com as questões relativas ao “plágio” nas atividades avaliativas.
• Conflitos e questionamentos provocados entre os alunos, pelo fato dos métodos e processos de avaliação ser transparentes e abertos à crítica.
• Dificuldades de aceitação, pelos alunos, de estratégias de avaliação menos comuns, como o trabalho de grupo, a avaliação interpares e o “portfólio”.
Essas dificuldades, porém não se restringem às mencionadas, de acordo com estudos recentes e a própria experiência com esta modalidade de ensino podemos acrescentar a falta do contato presencial com o aluno, o que dificulta por parte dos professores a uma utilização de uma das estratégias fundamentais da avaliação na aprendizagem, a observação. Também a ausência de diagnóstico inicial do grupo, o qual é norteador do trabalho a ser desenvolvido, devendo ser o primeiro passo da avaliação, entre outros.


Considerações finais


O direcionamento das propostas na Cibercultura denota algumas questões a serem pensadas e repensadas. O que é conceptivo afirmar é que este processo tende a tornar-se cada vez mais sólido e complacente com as realidades, nas mais variadas maneiras de se aprender, conduzindo a uma aplicabilidade condizente de seus recursos. As mudanças ainda são comedidas, devido a paradigmas que ainda estão presentes na forma com a qual a avaliação está alicerçada.
Muitos são os desafios e o percurso está apenas no início, contudo o que não pode e nem deve ser hostilizada é que a construção dos saberes que integram a formação da autonomia dos aprendentes em relação aos seus conhecimentos, e o desenvolvimento cognitivo resultante de sua aprendizagem no AVA é inerente ao processo avaliativo crítico, onde a auto-avaliação apresenta-se constantemente de forma intrínseca e condescendente.
Portanto avaliar na Cibercultura é um processo em constante desenvolvimento e opulência nas suas abrangências, é versátil e pode tornar-se a mais valorosa forma de avaliar em um ambiente de aprendizagem.

“A avaliação na cibercultura abre espaço e agrega vários aspectos ‘sonhados’ por professores/educadores/avaliadores: o acompanhamento personalizado, a comparação do aluno com ele mesmo, a proposição de estratégias de aprendizagem, a construção do conhecimento,...

Agora só faltam as instituições e os órgãos responsáveis pela educação se abrirem (ou simplesmente deixarem espaço) para que esse trabalho possa ser feito.”


Referências


Trilhas do aprendente, p.58-60;
Novas tecnologias e mediação pedagógica / José Manuel Moran, Marcos T. Masetto, Maria Aparecida Behrens. – Campinas, SP, Papirus, 2000 – (Coleção Papirus Educação);
WWW.escoladavida.eng.br/.../escola%20da%20cibercultura%20e%20a%20avali...-
WWW.revistaconecta.com/.../ramal avaliar.htm
WWW.Instrucionaldesign.com.br/artigos/Avaliar_na_Cibercultura.pdf
WWW.concepcionistas.com.br/revista_nova/revista2/20.pdf
WWW.hermes.ucs.br/cchc/dele/esp/.../leiturasead.htm
WWW.novaescola.abril.com.br
WWW.hermes.usc.br/cchttp://www.idprojetoseducacionais.com.br/doc/avaliar na cibercultura.pdf
WWW.idprojetoseducacionais.com.br/doc/avaliar_na_cibercultura.pdf
WWW.hc/dele/esp/mypage/apresentacoes/leiturasead.htm

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